terça-feira, 1 de dezembro de 2009

[01] Fantástico

Curso Do Lado de Lá – 1- Bangkok

A primeira aula do Zeca Camargo no curso “Do lado de lá” na casa do Saber Rio, sede Lagoa, foi excelente. Falou menos de Bangkok, suposto tema da primeira aula, do que sobre viagem em geral, mas valeu muito! Principalmente porque ele citou que a parte da Ásia que ele mais gosta é exatamente o sudeste asiático! Abaixo seguem algumas considerações.

Primeiro é importante dizer que ele é um nômade nato devido ao seu pai, que mais que proporcionar uma boa educação aos filhos, provocava neles um prazer pela viagem desde cedo. A família Camargo, encabeçada por um médico, tinha a própria América Latina como ponto de partida para o mundo. As primeiras viagens foram para Paraguai, Uruguai, Argentina, Chile, México... Faço um parênteses aqui para dizer algo que já disse para alguns amigos, porquê nós brasileiros valorizamos tanto viajar para os EUA e Europa e só então, depois, viajamos por países fascinantes (e de mais fácil acesso e baratos) como Argentina, Peru e Chile ? E eu faço parte dessa regra. Realmente estamos de costas para a América. Sem dúvida o idioma diferente pode ser usado como desculpa, porém são duas línguas tão semelhantes...

Mas voltamos ao Zeca Camargo. A introdução da palestra dele foi dizendo o porquê dele ter escolhido determinadas cidades para discorrer: simplesmente porque esteve 6 vezes em Bangkok (Tailândia), 5 vezes em Istambul (Turquia) , 4 vezes em Tokyo (Japão) e 6 vezes em Nova Déli (índia).

Achei curioso quando ele disse que quem dá o corte de cada a viagem somos nós; assim, podemos traçar um roteiro gastronômico, ou etílico, ou cultural, ou religioso... ou seja, por exemplo:

5 lugares para ir todo ano:
Nova York em Janeiro, Lisboa em Abril, Buenos Aires em Junho, Paris em Agosto, Londres em Dezembro.

5 lugares para meditar:
Punakha no Butão, Luang Phabang no Laos (a cidade inteira é um Patrimônio da Humanidade), Knadi no Sri Lanka, o Atacama no Chile (o mais próximo que pode-se ter da lua), Angkor no Camboja (um dos lugares mais espetaculares em que ele já esteve).

5 lugares para se aventurar
Vale do Okhon na Mongólia, Timbuktu no Mali (maior aventura da vida dele), Rajastão na Índia, Tasmânia na Austrália (exuberante), Patagônia na Argentina (um “must go”).

5 lugares para se isolar
Naoshima no Japão, Porto em Portugal, Rose Harbour no Canadá, Funqutu em Tuvalu (um dos lugares mais doidos em que já esteve), Nuki aloja em Tonga

Depois ele falou um pouco sobre o que é exótico. Disse que não gosta de usar essa palavra, carregada de juízo de valor. Para um Italiano nossa pizza de frango com catupiry pode ser exótica. Para os filipinos comer ovo de pato fecundado, com o feto do patinho no meio, não é...

Bangkok:

-Chegar lá é caro e exaustivo, mas depois vem a recompensa
-Cidade onde se encontra arquitetura moderna e tradicional no mesmo quarteirão
-Não há limite entre o sofisticado e o popular
-Um dos piores trânsitos do mundo, caótico (talvez perca para o Cairo no Egito)
-Entender a língua é um problema, porém há infra-estrutura para o viajante
-Cultura forte, contudo porosa, absorve o que vem de fora
-Lojas de massagem em cada esquina
-Culinária utiliza muita pimenta, como não se entende a língua o ideal é apontar para os pratos das fotos no cardápio afixado na parede
-Assistir a uma luta de boxe na Tailândia é como ver uma tourada em Madri, uma partida de futebol no Maracanã

Outras observações:

-Ele gosta de sempre viajar sozinho para interagir melhor com a cultura local
-Talvez por morar em São Paulo disse que é urbano, gosta de cidades grandes
-Disse que fazemos cultura nos contaminando o tempo todo
-Indicação de leitura sobre as idéias do antropólogo Anthony Kwame Appiah sobre nosso cosmopolitanismo nato
-Indicação do texto “Terra sem gente”. E se a raça humana subitamente desaparecesse da Terra? Pelas projeções desenvolvidas por cientistas, o mundo continuaria repleto de vida, com uma vantagem adicional - seu mais problemático ocupante já não estaria por aqui brincando de Deus incompetente.

3 comentários:

_ _ disse...

Essa coisa de estar virado para a América Latina foi uma sacada muito boa. É a mais pura verdade. Não consigo imaginar uma razão melhor do que falta de divulgação. Nós somos bombardeados de informações vindas dos EUA e Europa, mas quase nunca vemos informações sobre a AL.
Acho que poderia haver mais divulgação turística da AL no Brasil. O mesmo vale para o Brasil, tem muita gente do exterior que acha que o Brasil é o Rio de Janeiro, São Paulo e o resto é mato. E nós sabemos que tem MUITOS lugares maravilhoso aqui na nossa terrinha.

Viajando Pelo Mundo disse...

Nossa que legal!!! Realmente o povo é abitolado a fazer apenas o que a mídia mostra. Mas sua ideia foi muito interessante Padilha, criando o blog para divulgar a beleza de outros mundos. E eu já estou na corrente divulgando o blog para outros amigos. É sempre importante divulgar ideias interessantes, inteligentes e cultas. Parabéns!!!
Vou anotar todas as dicas. rs

Licia disse...

Padilha, já que vc vem pro lado de cá, se tiver oportunidade vá a Luang Prabang(Laos), o que o Zeca falou é verdade. Eu fiquei apaixonada pela cidade, sem contar que o povo do Laos é uma graça. Visite a cachoeira com as águas mais azuis que já vi na vida. Suba o morro da cidade e aprecie o pôr-do-sol, ande pela cidade e se ancante, mas lembre de atravessar a ponte velha de bambo. Se puder faça a viagem de slow boat(2dias) da fronteira da Tailândia com o Laos até Luang Prabang, meio perrengue, mas uma das melhores coisas que fiz nessa viagem.
Bangkok é uma cidade grande e louca, mas o pior trânsito pra mim é o de Hanoi(Vietnam), nem se compara, imagina que pedestre disputa espaço na calçada com moto e a buzina não para um minuto....
Mas Bangkok tem seus encantos, vale a pena visitar. Se quiser festa e conhecer muita gente, lembre de ficar na Ko Sam Road, todos os mochileiros estão lá(aqui).
Amei os templos de Angkor, só estando lá pra entender. É difícil imiginar hj, como aquilo foi construído há tantos mil anos assim. E ver como o homem quis destruir tudo, não tem como explicar, tem que ir, sem contar que a energia do lugar é ótima e o pôr-do-sol lindo. Em Siem Reap coma um churrasco cambojano, eu experimentei o de cobra... rsrsrs
Estando no Camboja, vá a Phnom Penh e visite Killing Fields, entenda mais sobre a crueldade humana e a omissão da humanidade. É forte, mas está lá pra ser visto, e precisa ser visto.
Bom, chega ne.. senão vc nem lê, rsrsrs
Beijos Licia (prima da Luciana)