segunda-feira, 5 de abril de 2010

[15] Entrando no Laos de barco ao longo de 2 dias

A viagem de Chiang Mai na Tailândia até Luang Phrabang no Laos foi carregada de insegurança. Uma van passou no SK House às 20:30 e eu era o único passageiro! Viajamos por uma hora e eles pararam num posto. Estávamos esperando algo e assim se passaram 40 minutos. Então chegou uma van com 8 pessoas para a qual tive que me mudar.

Continuamos a viagem e depois de uma parada no meio do caminho chegamos às 2:30 da madrugada na cidade de Chiang Khong na fronteira. Dormimos numa pousadinha simples que, estava incluída no pacote, até às 7:00 e então seguimos para a sequência: imigração da Tailândia para carimbar no passaporte a saída, atravessar o rio/fronteira num pequeno bote, imigração do Laos para pagar taxa (us$30), preencher papéis e pegar visto/carimbo da entrada.

Então fomos transportados rapidamente para um outro píer para finalmente pegar o longo e estreito barco para Luang Phrabang. Confesso que tem que ter muita fé que tudo que você contratou vai dar certo até o final , pois fomos orientados pelas mais diversas pessoas ao longo do caminho. Mas acabou dando certo mesmo.

A viagem no Laos até Luang Phrabang duraria dois dias. No primeiro dia partimos às 11:00 e viajamos por 6 horas até o vilarejo de Pak Beng. Dormimos aí e no segundo viajamos das 9:30 às 17:00 hs até o destino final. A parada na pequena e simples Pak Beng entre os dois dias, além de um descanso, me propiciou experimentar um delicioso peixe do rio Mekong.

A descida pelo largo rio é feita a cerca de 20 km/h num barco motorizado, de madeira, com capacidade para umas 70 pessoas. Os bancos são duros de modo que recomenda-se levar uma almofada. O barco é bem aberto nas laterais, com uma cobertura pra proteger do sol.

Ao longo da viagem se vê muitos vilarejos, em alguns deles paramos para deixar passageiros. Às margens do rio, sobre a areia ou entre pedras, é muito frequente se ver nativos pescando, minerando, nadando. Boa parte das vezes principalmente as crianças acenavam. Vez ou outra passávamos uma canoa ou uma motorizada passava por nós. Ao mesmo tempo que parecia estar nublado, havia também fumaça de várias queimadas que vimos durante a viagem.

Enquanto boa parte dos europeus se esticavam pelo chão do barco tentando dormir, uma cena tocante foi ver uma nativa do Laos descendo do nosso barco em um elevado banco de areia às margens do rio, tendo ao fundo, mais acima, uma floresta sobre uma montanha. Ela abriu sua sombrinha e com a outra mão segurou sua mala, e assim caminhava em direção a sua vila formada por cabanas cobertas com vegetação seca. O rosa, a areia, o verde, as cabanas, a sombrinha, a mala e o significado daquele reencontro: uma ponte entre o avançado e o simples, o acelerado e o lento, o excesso e o necessário, o artificial e o natural, o estranho e o familiar. Está nas mãos de cada um identificar aonde é o local que lhe será mais fácil ser feliz.

P.s. No sudeste asiático as mulheres fazem o possível para manter suas peles o mais claras possível. Dizer que elas estão bronzeadas é uma ofensa.

3 comentários:

Cristiane disse...

A descrição da cena que você escreveu ao final do texto pareceu um quadro de Van Gogh ou de Monet. Lembrei-me de Proust que escreveu que deveríamos ver, descrever e pintar com este estranhamento que você sentiu: descrevendo ou pintando como se fosse sempre a primeira vez. Linda descrição, pude ver a cena diante dos meus olhos, como um quadro. Gostaria de ver esta fotografia depois.

Veridiani disse...

Linda descrição mesmo!! amei...

Licia disse...

Eu vi cenas como essa também, da mulher descendo do barco... quem sabe não foi no mesmo banco de areia....
Mas pra mim valeu muuuuito a pena a viagem!
Quero ver suas fotos!
Beijos