segunda-feira, 19 de abril de 2010

[23] Manifestações em Bangkok e mortes no Brasil

Que diferença meu retorno à Bangkok. Como é boa a sensação de ver o ônibus parar, reconhecer a rua e saber exatamente onde estava. E que bom que a temperatura está mais amena, isso também torna as coisas muito melhores...

O único problema é que a região da Khao San Road está meio vazia. Exatamente uma semana atrás o governo resolveu enfrentar os camisas vermelhas que estão acampados na região e 18 manifestantes morreram, além de 4 policiais e uma fotógrafa japonesa.

E eles não estão só nessa região turística. Quando fui conhecer a região das lojas e Shopping Centers na Siam Square no centro de Bangkok, lá estavam os Camisas Vermelhas também. Até exitei um pouco em descer da plataforma, mas a violência só acontece quando há enfrentamento da polícia. Andei perto dos acampamentos deles e em seguida passei por alguns policiais, certamente havia uma linha divisória imaginária.

Mas, sinceramente, fico feliz quando vejo a participação do povo nos rumos de qualquer país, ainda que haja algumas mortes. Isso é bem diferente da passividade e acomodação de nós brasileiros. Talvez por isso o que está acontecendo agora na nossa capital Brasília seja tão vergonhoso. Quase que o governador corrupto anterior, Joaquim Roriz, elege seu candidato. E o candidato eleito do PMDB para o mandato tampão até o final do ano tinha ligações com o governador corrupto cassado, Arruda.

No caso da corrupção, as mortes não são notícias com repercussão internacional, elas ocorrem silenciosamente nos subúrbios, onde o dinheiro roubado deveria estar aplicado (saúde, saneamento, educação, lazer, segurança) e também pela morte violenta de membros das classes média e alta provocadas por moradores dos subúrbios empurrados para o crime. Quando condenados, Malufs da vida cumprem a pena em liberdade porque "não representam perigo à sociedade". Na China corrupção é punida com pena de morte.

Bem, no domingo fui na maior feira de Bangkok, que só acontece no final de semana. Fui de ônibus e saí de lá em uma espécie de metrô aéreo bem interessante. Além de ser rápido e ter ar condicionado, paga-se de acordo com a distância que se irá percorrer. Há seis zonas e seis preços variando de R$1,00 a R$3,00. Se você pegar um ticket menor do que deveria, ao inserir o cartão na roleta ao sair ela não te liberará.

O Sky Train usei para chegar ao Shopping Center, que é bem
diferente, parte parece a grande feira que estava anteriormente, porém com mais infra-estrutura. Mas também há lojas de grifes, restaurantes bons e cinemas ultra-modernos. Resolvi comprovar, assisti um filme em 3D: Clash of the Titans, R$14, o qual não recomendo.

O mais curioso não foi nem o filme, nem o cinema, mas foi após os trailers, antes do filme começar, haver um pedido para que todos se levantassem em respeito ao rei. Durante 5 minutos cenas da vida dele foram passadas na tela com uma música gloriosa de fundo. Participei como um tailandês.

No dia seguinte meus planos eram conhecer Chinatown e o Patpong Market. Depois de pegar o bote desci em Chinatown e fiz uma caminhada pelo bairro, nada de especial.

Em seguida peguei um ônibus por duas quadras pra chegar ao Metrô e seguir em direção ao Patpong Market. Ao descer do metrô na região do Silom, mais uma vez muitos Camisas Vermelhas de um lado e polícia do outro. Porém nessa região parecia que o barril de pólvora estava prestes a explodir, era possível sentir no ar. Os camisas vermelhas estavam prometendo avançar naquela área no dia seguinte e o governo disse que se fosse preciso usar a força eles usariam para barrá-los. Assim, na medida que anoitecia, ambos os lados moviam suas peças no tabuleiro de xadrez.

Caminhei por aquela área e comecei a sentir certo medo enquanto via rolos e mais rolos de arame farpado sendo dispostos pela polícia e cada vez mais soldados chegando. O Patpong Market estava praticamente vazio, mais um sinal que tinha tomado uma decisão errada em ir para aquela que parecia ser a própria área de batalha sendo preparada para o dia seguinte. Peguei o primeiro Tuk Tuk que vi e me mandei dali de volta para onde estava hospedado.

Fui pro mercado de ônibus, pro Shopping de Sky Train e na volta pro hotel peguei um bote pelo rio. No dia seguinte fui pra Chinatown também de bote e pro Patpong Market de metrô (sistema semelhante ao Sky Train, porem no subsolo). Na volta pro Hotel: Tuk Tuk. Isso é Bangkok!

P. S. No momento que publico esse post não sei se amanhã acontecerão duas coisas: a batalha entre Camisas Vermelhas e a polícia e o espalhamento da fumaça do vulcão da Islândia para que o aeroporto de Londres seja aberto e então eu possa pegar meu vôo. Vou pro aeroporto de Bangkok nessa terça (se os camisas vermelhas não obstruírem a passagem) na esperança de que a Europa volte ao normal, senão só Deus sabe o que vai acontecer pois todas as pessoas que perderam seus vôos sexta, sabado, domingo e segunda terão prioridade sobre mim.

P.S. 2 No Vietnã há internet wireless em todo canto, na Tailândia não: R$2,50 a hora.

P.S. 3 Na Tailândia as coisas acontecem mais devagar. No Vietnã, de cultura chinesa, todos começam a trabalhar muito cedo.

P.S. 4 Todo tailandês parece estampar em seu sorriso a afirmação de que, diferente de Laos, Vietnã e Cambodja, eles nunca foram colonizados por qualquer país.

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