quarta-feira, 14 de abril de 2010

[20] Saigon ou Ho Chi Min City - um resumo da história vietnamita

Saigon é bem diferente de Hanói, mais moderna, com ruas mais largas, mais indústrias, com ainda mais motocicletas. Qualquer um diria que esta sim é a capital do Vietnã. Todavia o fato de ela ser mais desenvolvida não a faz mais interessante que Hanói.

Mas faço uma pausa para falar da conturbada história do Vietnã relacionando-a com três outros países: China, França e Estados Unidos.

Como disse em um outro texto, a China ocupou o Vietnã por mil anos ininterruptamente, até cerca dos anos 1100 e posteriormente por várias vezes ocupou e tentou controlar o Vietnã. Os vietnamitas são conhecidos como guerreiros e nacionalistas porque sempre resistiram. Os chineses estão sim presentes no dia-a-dia vietnamita por meio da influência na língua, na comida, na religião e nos costumes, mas os vietnamitas podem se orgulhar de hoje poderem ditar seu próprio destino político.

O segundo país que atravessou a história do Vietnã foi a França por meio de uma colonização tardia. Além de dominar o Vietnã (1850-1950), a França ainda controlava, via este país, o Laos e o Cambodja. A bravura dos vietnamitas impediu que os franceses os ocupassem durante muito tempo e no dia 2 de setembro de 1945 eles declararam sua independência. Algumas pessoas mais velhas ainda falam francês e se vêem Cafés nas cidades vietnamitas, mas essa influência cada vez fica mais remota.

Por último podemos falar dos resquícios da Guerra Fria entre EUA e URSS. O sul do Vietnã tendia ao capitalismo e os líderes políticos, que ficavam principalmente em Saigon, tinham alianças com os líderes estadunidenses. Já o norte, mais próximo territorialmrnte da China, era governado por líderes comunistas. Estes últimos treinaram soldados (Viet Congs) para "reconquistar" o sul. Numa das incursões, batizada de Ofensiva Tet, imagens de vários americanos morrendo vazaram e adentraram os lares dos norte-americanos via televisão fazendo com que o povo de lá deixasse de apoiar essa guerra. Com a progressiva retirada dos americanos (1973) os comunistas do norte tomaram o sul (1975), reunificaram o país e rebatizaram Saigon com o nome de Ho Chi Min City.

Hoje em dia o país restabeleceu relações diplomáticas com o ocidente, recebe investimento desses países e, principalmente depois de 2007, a economia tem crescido a ritmo capitalista.

Em HCM City visitei o museu do que remanesceu da guerra. É pertubador constatar que morreram 3 milhões de vietnamitas (2 milhōes de inocentes cidadãos e 1 milhão de soldados) e ainda que 2 milhões foram feridos. No museu há fotos de pessoas que nasceram deformadas devido aos ataques norte-americanos com armas químicas que abalam o dia de qualquer visitante.

No meu segundo dia em HCM fui conhecer os túneis escavados na época da guerra chamados Cu Chi Tunnels. Eles ficam a 50 km de Saigon e são uma rede de 200 km de túneis formando uma cidade subterrânea onde os Viet Congs (comunistas do norte) se escondiam. Havia cerca de três níveis de túneis, os mais profundos ficavam a 8 metros, e calcula-se que passaram por eles cerca de 20.000 guerrilheiros ao longo de alguns anos! Os túneis na verdade não eram para moradia, eles ficavam neles por no máximo 7 horas, principalmente durante ataques dos norte-americanos. Pudemos "andar" uns 30 metros sob a terra, mas é preciso dizer que eles não são recomendáveis para quem tem claustrofobia, pois são bastante estreitos.

P.S. Estou seguindo para o Cambodja, Phom Phem, a capital.

P.S. 2 Há 18 representações de buda, cada um representando um estágio da vida. O buda gordão é o que representa um homem feliz e é a imagem mais difundida no Vietnã.

P.S. 3 Minha viagem está se encaminhando para o fim (só falta Cambodja e Londres) e felizmente não encontrei sequer um MacDonald's em todas as cidades pelas quais passei! Isso só é uma constaração simbólica que boa parte do oriente mantém sua identidade.

P.S. 4 Vi muitos barbeiros nas ruas. Uma cadeira no passeio, um espelhinho e mais alguns utensílios já bastam.

P.S. 5 Nesta viagem também voei na Laos Airlines e na Vietnã Airlines, mas nada se compara a Thai Airlines.

2 comentários:

Heber disse...

É isto aí Padilha! Além dos relatos da viagem, um pouco de cultura e história!
Vê se adianta algumas fotos.

Gustavo Bruno disse...

Quanto ao PS.3 eu acho que não ter McDonalds se dá mais por causa alto investimento para se abrir uma franquia e o valor dos sanduíches.
João Pessoa só veio ter uma loja há cerca de 12 anos e não era por causa da cultura, mas por que os empresários não o consideravem viável para uma cidade com população de baixo poder aquisitivo.