sábado, 17 de abril de 2010

[21] Os templos de Angkor no Cambodja

Peguei um ônibus em Saigon para Phnom Penh capital do Cambodja. Na fronteira tivemos que pagar US$25 para obter o visto/carimbo de entrada no Cambodja. Para o Vietnã custou US$60 e Laos US$31. A Tailândia, em um esforço para atrair mais turistas, não cobra.

Logo que passamos a fronteira começamos a ver vários cassinos. Seria uma tentativa de transformar a região na Las Vegas Oriental?

Em Phnom Penh minha principal meta era conhecer os Killing Fields. No entanto após conhecer o Palácio Real estava sentindo tanto calor que desisti.

Killing Fields fica a 14 km de Phnom Penh e é uma espécie de museu tétrico onde se rastreia a história do assassinato de milhares de pessoas durante o chamado regime do terror vermelho do Cambodja. Há cerca de 8000 crânios e roupas de vítimas expostos.

Esse regime durou de 1975 a 1979 e foi imposto pelo líder Pol Pot fruto de seu sonho revolucionário que incluía: instituir uma utopia agrária, reiniciar o calendário (ano zero), rebatizar o nome do país, abolir a literatura, arte, música, religião e direitos humanos. Pessoas com um míinimo de estudo eram executadas. 1,7 milhões de pessoas morreram.

Entrei em um Café com ar condicionado, uma raridade por aqui, e descansei um pouco da correria dos últimos dias, mais uma vez ao som de música brasileira. Literalmente um refúgio. Aproveito esses momentos para, dentre outras coisas, planejar os próximos passos da viagem e para registrar informações para estes textos.

De Phnom Penh segui para Siem Reap para conhecer o que dizem ser a 8a Maravilha do Mundo: os Templos de Angkor.

Os templos de Angkor são espalhados de tal forma que não é possível conhecer tudo em um dia, no entanto é possível visitar as construções mais interessantes, dentre elas a principal, que também é chamada de Templo de Angkor.

Ao lado da Grande Muralha da China e do Taj Mahal na Índia, Angkor é uma das maiores atrações da Ásia. Em um primeiro momento achei que tudo estava sendo perdido, vi muitas ruínas, mas ao pensar que essas construções completarão 900 anos e que houve muito descaso com a preservação dos templos pelo políticos cambojanos, até que não está mal. Hoje, em diferentes templos, há convênios com a França, Alemanha, China e Índia para restauração das construções.

Uma das coisas que me chamou a atenção ao longo da visita foi que na medida que os reis se sucediam, dependendo da religião deles, hinduísmo ou budismo, eles mutilavam os templos desgastando faces de budas, cortando a cabeça de deuses hindus, desgastando pinturas ou retiravam totalmente os símbolos da religião anterior, uma mostra de que nossa intolerância é milenar.

As grandes atrações do local, na minha opinião, dentre cerca de 80 complexos, são o próprio Templo de Angkor e o templo Ta Prohm.

O curioso do Ta Prohm, além dele próprio, são as imensas árvores que cresceram sobre suas paredes de pedra ao longo de centenas de anos. Ao mesmo tempo que elas são uma ameaça para os templos de Angkor, as suas grossas raízes expostas envolvendo as paredes centenárias proporcionam uma visão impactante. Pensem bem: construções de quase mil anos com árvores gigantes que cresceram sobre elas...

Mas falemos do Templo de Angkor, o principal. Em 1130 o rei Suryavarman que dominava grande parte do sudeste asiático construiu esse templo em homenagem ao Deus Vishnu da religião hinduísta. Esse templo é como a Torre Eifel de Paris, o Coliseu de Roma, a Estátua da Liberdade de Nova York, o Cristo do Rio, um símbolo nacional que levou cerca de 50 anos para ser construído. (E talvez também seja a maior fonte de renda do Cambodja US$ 20 um dia de visita fora transporte/guia que são fundamentais).

Sem dúvida o destaque é a arquitetura e a escultura incrutida no templo. Milhares de imensas pedras justapostas formam paredes, tetos, muros, 5 grandes torres (a maior seria a morada de Vishnu), geometricamente arrumados ao longo de 3 níveis de altura. É permitida uma visita rápida no último nível depois de se subir dezenas de degraus de escadas bem íngrimes, local perfeito para se transportar para 900 anos atrás e tentar imaginar como era o dia-a-dia naqueles tempos. Quase todas as pedras do templo, e olha que são muitas, foram cuidadosamente decoraras por meio de desgaste com alguma ferramenta, formando belas imagens do cotidiano da época, desde trabalhos rotineiros até festas e rituais religiosos.

A visão que se tem ao final da tarde, de fora do templo, com o reflexo no lago em frente de seus 80 metros de fachada e torres é o arremate final!

O que será que estamos construindo agora que serão destaques turísticos daqui a 900 anos? Se é que ainda existirá a Terra e o Hommo sapiens..

P.S. Há muito abacaxi principalmente na Tailândia. No Cambodja e no Vietnã vi muita gente comendo manga. No Vietnã eles adoram comer manga verde apenas lavada, sem descascar, e depois passam os pedaços numa deliciosa mistura de sal com pimenta. Em HCM comi pedaços de mandioca cozida passada em sal com amendoim triturado. Fica muito bom. Creio que o abacaxi, a manga e a mandioca tenham sido levados da América para a Ásia pelos europeus.

P.S. 2 De 15 a 17 de Abril é celebrado o ano novo no Cambodja. Principalmente ao redor dos templos de Angkor podia-se ver famílias inteiras fazendo piqueniques e festejando. Na semana passada foi celebrado o ano novo no Laos. No Laos eles celebram além de seu próprio ano novo, o ano novo dos ocidentais (1/Jan) e o ano novo chinês. Me parece que nesta semana a Tailândia também celebrou seu ano novo. Em todos esses países é costume jogar água nas pessoas que estão passando para celebrar o ano novo.

P.S. 3 Uma das cenas mais curiosas que já vi foi num restaurante em Siem Reap. Um grupo de 9 japoneses e nove potentes câmeras fotográficas. Eles chegaram e mesmo antes de sentar começaram a tirar fotos. De tudo! Do espelho, dos copos, deles, de longe, de perto. Depois sentaram e tome mais fotos. Eu adoro fotografia, mas estes japoneses pareciam que viam o mundo através da fotografia. Ou viviam através da fotografia. Nenhuma crítica, apenas uma constatação. Ah, no momento que escrevo isso juntaram-se ao grupo mais dois jovens japoneses e duas câmeras fotográficas. E tome mais fotos.

P.S. 4 No caminho para a Tailândia recomeçou a prática de pegar a passagem do ônibus e colar um adesivinho minúsculo na camiseta... E para cruzar a fronteira Cambodja->Tailândia mais uma vez tem que ter fé, confiar que todas as transferéncias Van/Ônibus daráo certo.

P.S. 5 Uma camiseta que vi muito por aqui é uma escrito na frente "Same Same" e atrás "But Diferent". É que no sudeste asiático muitas vezes você pede uma coisa e eles lhe oferecem outra e dizem "Same, same" ( é a mesma coisa, o mesmo). Só que na verdade nunca é. "Same, same" "But Diferent" (mas diferente).

P.S. 6 Os próprios guias no Cambodja apesar de repelirem a colonização francesa dizem que se não fosse o controle deles na região provavelmente o Cambodja seria hoje parte da Tailândia ou do Vietnã.

2 comentários:

Benga disse...

Sobre as fotos, tive uma sensação parecida num passeio pelo Instituto Brennand, em Recife, mês passado: estava eu contemplando as obras em uma sala quando entrou uma moça (NÃO era japonesa!), click, click, click, tirou várias fotos e saiu. Sequer parou pra ver o que estava fotografando. Eu tb adoro tirar fotos, mas uso-as como lembranças do que presenciei, não como substitutas da experiência real...
Boa sorte com o vôo, Padilha! :^)

Licia disse...

Os templos são lindos sim, foi um lugar que amei!!!!
A japonesada é assim mesmo, chega a impressionar!
E até hoje eu não entendi direito como funciona a logística tailandesa com seus adesivos... rsrsrs